AS MAIS LIDAS DA SEMANA

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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

HOSPITAL

             
              E de repente nos despojamos de tudo e sobra aquele corpo nu para a hora do banho! Enfermeiras e enfermeiros desnudam você nos mínimos detalhes que vão desde os de seu corpo até o do pensar naquele momento em que você se sente totalmente desprotegido. Nesse momento, as mínimas reações se deixam ser observadas pela plateia presente que apenas curte a ausência de seu corpo tão comum para os que já têm em mente o filme de todos os anos de observação de leitos nas horas muitas vezes insones de seu trabalho.
         Nachegada, traz-se consigo o mínimo necessário para se instalar, mas aos poucos isso cresce nas buscas do conforto deixado com apenas sua ausência. A bagagem que cabia em seu corpo em poucas horas acumula-se em sacolas e malas que sinalizam uma permanência mais duradoura fora de seus pertences!
         Os horários rígidos no tomar das informações vitais de seu corpo, no trazer das suas refeições, na exigênciado horário para seu sono reparador mais parecem a cadência de um caminhar para a ausência de sua liberdade! E tudo isso acontece dia a dia com um ritmo uníssono sem timbre e sem variação de compasso! A mudança dos rostos que lhe atendem nos primeiros momentos de internaçãoérepetida em ciclos com períodos que obedecem a uma lei de recorrência simples. Não adiantam as simpatias ou aversões, ela segue o ritmo das jornadas. Todos os olhares simplesmente não têm coração”, cumprem a tarefa da observação clínica! 
         As refeições insípidas denunciam que você está mais para sobreviver do que viver! Seus prazeres se resumem ao pensamento ansioso da volta ao seu habitat costumeiro e sem vacilo. O banho resumido a esfrega de uma gaze ou toalha umedecida com líquido de limpeza lava seu corpo que sente saudades do deslizar do sabonete sob o correr das águas mornas cadentes de sua fonte suspensa.
         É bom saber que toda evolução requer sacrifícios e muitas vezes até violência psicológica. A saúde não faz exceção. E finalmente nos distanciamos do acolhimento clínico para conviver novamente com as nossas circunstâncias! E lá vão malas e malas, sacos e sacolas cheias de tudo que tentaram nos dar para o conforto, e mesmo assim não encontramos “sabor” longe de nossos quereres.
         Os momentos e os rostos ora esquecidos talvez jamais sejam lembrados nos momentos de saúde e prazer! Mas fiquem certos de que eles estarão sempre em prontidão para você ou qualquer um outro igual que vive perto ou longe de sua morada ansiosamente desejada.

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