AS MAIS LIDAS DA SEMANA

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sábado, 26 de dezembro de 2015

RECORDAR É INCRÍVEL

       
        Existem certos prazeres que só nos são dados a conhecer no ocaso das nossas vidas. Quando lembramos algum fato do passado e citamos alguns detalhes dos mesmos, para todos aquela ocorrência está sendo desejada. Um amor longínquo que ficou para trás é comentado e logo criticado pela companheira atual que pensa na sua satisfação, ao contar, como se você quisesse ressuscitar aquele querer antigo.
            Na verdade, quando lembramos um passado, o “filme” nos indica uma dada circunstância, porém a nossa grande satisfação é sentir-nos jovem a desfrutar com galhardia momentos que se hoje acontecessem jamais poderiam ser desfrutados como antes. O nosso físico já não consegue curvar-se reverenciando o “grande passado” e toda a nossa experiência não comunga com o rompante da juventude que  tudo quer viver sem a parcimônia do idoso.
            Falar do que já se foi é de forma egoísta querer deliciar-se com nós mesmos. Em volta, nossos entes queridos, aconselhando, e nós desbravando a “selva”, que tão “relva” era para nós, que conseguíamos deitar e rolar sem a menor cerimônia ou temor. Assim é certo, e jamais devemos negar essas oportunidades aos nossos jovens. É verdade que agora os habitantes das “florestas” estão mais ardilosos, mas os jovens estão também mais esclarecidos. É o poder da evolução, é o poder da educação, que deve ter início em casa e não só na escola, que irá poupar esses jovens de hoje – afastando-os de aquisições de sequelas – para vivências sadias que virão.
            Quando recordamos nosso tempo de jovem, desde a infância até a juventude, ficamos absortos, reconstruindo aqueles tempos idos e imaginando que deveríamos ter aproveitado mais. Esse debruçar no passado é muito salutar porque nos mostra que este hoje será recordado também amanhã e, assim, devemos arquitetá-lo bem. Cada hora, cada dia devem ser construídos vivenciando de forma completa e irrestrita cada momento vivido, porque nossas vidas são feitas pelo tempo presente, e assim apoiaremos os prazeres do “hoje” que chega a cada dia – no nosso futuro! 

            Recordar é realmente incrível! Se você já possui um passado longínquo, com mais de 30 anos, já pode experienciar um pouco do prazer incrível dessa peregrinação mental aos tempos idos, melhor ainda com o passar do tempo. Dessa forma, é bom viver sempre juntando todo o caudal de experiências e aprendizados para garantir as lembranças que podem um dia alimentar o nosso viver feliz.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

SE ESSA RUA FOSSE MINHA

                  Chegando próximo à casa em festa, fila tríplice de carros interrompe a passagem de meu veículo. Bandeirolas e bolas de festa servem como forro da área sob a abóbada celeste, iluminada pelo brilho apenas das estrelas – era lua nova! Enquanto estacionava o carro, vozes e risos eram escutados rua afora, tendo o som emitido pelo “três em um” de fundo. As calçadas e leito da rua cobertos com mesinhas forradas com toalhas azuis pareciam refletir o céu que do infinito apreciava de forma singular aqueles momentos de paz e devaneios. Chegando mais próximo, eram escutados brindes e vozes saudando os recém-chegados, junto com diálogos nas mesas sobre futebol, sobre moda e sobre as mais recentes notícias da mídia.

            Cerveja, vinho e whisky competiam com sucos e refrigerantes que eram acompanhados por salgadinhos e docinhos, que postos nas mesas em descansos bastante arranjados com laços e brasões, davam o intervalo entre as bebidas e os bate-papos. O vovô sorridente e festivo visitava cada lugar da área da festa, oferecendo tira-gostos e bebidas que eram renovados a cada momento. Confraternização com velhos conhecidos encontrados nos festejos aconteciam mesa a mesa, tornando o lugar sadio e de boas recordações.
            Finalmente, a dona do pedaço chega sorridente e comunicativa no grande dia em que comemorava o seu terceiro aninho: Sophia corria entre as mesas beijando os seus convidados e participando do evento como ninguém! Recebia e desembrulhava seus presentes com um sorriso e agradecimento, parecendo mais uma princesa de 15 anos. A mamãe Marcela com seus pais e irmãs conseguiram realizar um encontro bonito no meio da rua.
            Sei que esse tipo de festa sempre acontece nos bairros mais populares, mas nunca tinha participado ativamente como dessa vez. Observando cada detalhe e os rostos dos ali presentes, pude atestar que a felicidade não emana de lugar ou de alguém, ela existe dentro de nós. E assim, seremos capazes de contaminar o local, que vai acolher a todos, de forma melhor do que se imaginava possível num salão de brilhos de um castelo, no qual a ostentação briga com a sua felicidade.


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

MULTAR E NÃO DEIXAR DE PRATICAR

            Algumas regras ou mesmo leis para punir, umas internacionais e outras tantas nacionais, têm existido para beneficiar o infrator. Vejamos: alunos que transgridem regras na escola têm como pena máxima a suspensão de suas atividades escolares, antes da expulsão. Ora, se o papel do aluno é estudar, jamais ele deve ser punido com o afastamento de sua atividade fim. Assim, o certo seria aumentar as atividades escolares (aulas suplementares) e essas serem remuneradas de forma extra, sem, no entanto, chegar a sacrificar os patrocinadores dos referentes estudos. O aluno teria de estudar mais e não entrar de “férias” compulsórias.
            Outro caso é o dos jogadores de futebol. Dois cartões amarelos acarretam a expulsão e em consequência suspensão, ação que não o  permite jogar na próxima partida, e, conforme o caso, por mais de um jogo. O time e a agremiação são prejudicados e o jogador descansa. Que tal multar o jogador faltoso com um pagamento em dinheiro? Desta forma, o peso no próprio bolso iria fazer com que o jogador tivesse um comportamento melhor nos próximos embates, inclusive melhorando o número de faltas e agressões nos jogos. Essa seria a pena que substituiria a suspensão. A multa contemplaria a federação ou algum fundo de pensão para os jogadores em geral, no futuro. Muito boa para todos essa sugestão!
            Afora essas punições sem sentido, nas quais os infratores levam proveito, existem as leis passionais que tendem a beneficiar os que cometem crime contra a sociedade ou têm vantagens sem cabimento em comparação a outros profissionais. Os presos ganharem pensões em valor maior que o salário mínimo dos trabalhadores é um atentado à justiça e aos bons costumes. Os políticos que mal trabalham vinte horas semanais, com todas as regalias, não deveriam aposentar-se com regras diferentes dos trabalhadores. Pois a grande maioria já tem sua atividade não política e muitas vezes estruturada pelo fácil trânsito político.

            Finalmente, poderíamos citar muitas beneficies recebidas do Estado por diversas atividades profissionais que não são justas por se tratarem de favoreças políticas que acarretam  comissões dos serviços prestados ao próprio governo. Infelizmente, e em particular aqui no Brasil, as leis não são feitas para todos. Quem paga mais ao poder recebe mais em detrimento dos iguais que pagam menos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

“NÃO RESOLVO E NÃO DEIXO ALGUÉM RESOLVER!”

            Os comentários atuais, nesse agosto de 2015, sobre as providências da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) em relação ao uso do solo, têm abordado sobre a mobilidade urbana – o direito de ir e vir livremente, de forma rápida e eficiente. Afora o cuidado com as ruas e avenidas, que devem dar condições ao trânsito regular de veículos, sem estrangulamentos, contemplando a manutenção do leito das vias e faixas de rolamento em número suficiente, deve-se também cuidar da movimentação das pessoas.
            Os indivíduos têm que se deslocar com segurança. Para tanto, as faixas de travessias de ruas e avenidas devem existir em número suficiente, de tal forma que torne a ambulação segura e sem obstáculos. Sinais luminosos e sonoros devem alertar o público, contemplando, inclusive, o cego, o surdo e o deficiente em trânsito, com rampas suaves e sem descontinuidade em todo o percurso. Hoje, prefere-se nivelar a travessia das vias alongando-se as calçadas, facilitando a todos as conexões entre os quarteirões. Os comentários especificamente sobre as calçadas aludem à desobstrução dessas referias vias, procurando fazer a retirada de ferros de proteção, mal colocados, assim como barracas de ambulantes, fiteiros e bancas de revistas quando não regularizados. Nos bairros mais populosos até lanchonetes e outros comércios concorrem com os pedestres no uso das calçadas, principalmente se atendem na entrada de hospitais ou repartições públicas de grande demanda de usuários de seus serviços. A PCR tem procurado retirar essas obstruções.
            No entanto, o problema mais grave na ocupação das calçadas reside no crescimento desordenado das raízes das árvores que chegam a só permitir trânsito em 30 ou 40 cm do passeio. Em pleno centro da cidade isso acontece, e se você, como “cuidador responsável pelo trecho da calçada”, fizer o replante da mesma será punido severamente.

            É preciso estabelecer regras para a manutenção da mobilidade urbana no que se refere às calçadas. Se o governo municipal não quer cuidar disso, alegando que a manutenção do passeio pertence ao edifício servido por ele, pelo menos deve fornecer as regras para fazê-la. Árvores têm caído sobre pessoas e patrimônio de contribuintes e nada se faz para evitar essa irresponsabilidade do poder público! Eis o lema atual dos governantes do município do Recife: “Não resolvo e não deixo alguém resolver!”