A televisão, particularmente, pelo grande poder de penetração nas massas populacionais, é que sofre as maiores críticas quando exibe programas, até certo ponto, desagradáveis, por mexerem nos mitos sociais ou por fazerem apologia a formatos sociais pouco desejados pelos telespectadores. Devemos lembrar que o público maior que dá audiência a uma dada emissora é formado de pessoas pouco instruídas e que são consequência da influência que sofreram dos próprios meios de comunicação.
Assim, quem comanda a mídia é esse público e não a elite intelectual. É esse povo que mais compra de forma indiscriminada, mais utiliza os serviços e frequenta os espetáculos populares; enfim é o público alvo para as emissoras de televisão. Mas, por que a preferência pelos programas sádicos? Aqueles que abusam da condição humana, com desrespeitos físicos e psicológicos, que levam seus personagens a sair do sério, desrespeitando, às vezes, os próprios telespectadores em suas casas.
Lembramos que hoje, desde a infância, a violência invade os meios de comunicação. Os desenhos, antes singelos e dóceis, tornaram-se, hoje, o retrato da cultura dos adultos com figuras amargas e vingativas de aparência mórbida ou assustadora que entram no dia a dia das crianças, tornando-as pouco sensíveis à violência. Dessa forma, na idade adulta, o espírito sádico quer assistir não mais às fantasias do cinema, mas à vivência escrava e agressiva dos personagens, ao vivo, nos diversos programas que fazem do público comum o ator na história.
Ademais, a pouca criatividade, muitas vezes, leva as emissoras de televisão a adaptarem programas estrangeiros, que são traduzidos, com pouco zelo, para nossa sociedade. Aí o problema se torna maior. Temos que absorver, de forma esdrúxula, a vivência de outra cultura em detrimento de nossa história. É pouco o que se pode fazer de imediato para por um freio nesses acontecimentos.
Como solução, a médio e longo prazo, só a educação para possibilitar que esse quadro se reverta. O povo instruído irá repudiar esse formato de programas popularescos que invadem, de quando em vez, seu lar. As escolhas serão mais dignas de pessoas que sabem o que quer e constituirão a maioria do público que compra. Só assim os meios de comunicação atenderão a um projeto que, a cada dia, dignifique o homem como cidadão e jamais escolham o caminho do sadismo e da prevaricação como atração para um público que irá às compras.
Evitar a mostra da violência, a que título seja, tornará a sociedade mais apaziguadora nos seus espaços e construirá um futuro mais humano para as crianças que são vítimas, hoje, dos adultos e que, futuramente, se nada for feito, vingarão, sobre os idosos, os males que lhes causaram.
Já que nada pode acontecer de imediato, que a televisão faça, a todo o momento, a apologia ao saber consciente, levando a população maior ao amor pelo estudo. Só assim, seremos capazes de vender o que o povo quer, com alto nível, pois teremos, então, uma grande massa lúcida para programas que vendam qualidade.
Muito verdade seu texto. Existe uma grande preocupação dos estudiosos do comportamento humano neste sentido. O psicanalista Jean Lebrun nos seus livros "Um mundo sem limites: emsaio para uma clínica psicanalítica" e "A perversão comum: viver juntos sem outro" mostra como o homem está mudando e chega a pensar que está surgindo um novo-sujeito dominado por desejos perversos que são reforçados pela mídia e pelo capitalismo moderno. É importante a educação , o estudo... mas não podemos esquecer dafalta de limites simbólicos como a função paterna, tão desvalorizada e ausente nos tempos atuais, associada à impunidade e à corrupção, desperta uma realização de desejos e estabelece incertezas sobre o que é desejavel e o que é necessário. Embora se possa obter prazer do fato de desejar sem alcançar o desejado, este prazer jamais será equiparado ao que é proporcionado pela realização do desejo (desejo fora da concepção psicanalítica que é o desejo inconsciente que não pode ser realizado)
ResponderExcluirÉ nesta falta de limite que aparece o sintoma mal-estar, cujo alívio é o consumo. Consomem-se tudo: produtos ideologias, práticas religiosas, sexo, entre outros.