Como funciona o nosso cérebro nesses casos? Por que gostamos do que a mídia nos sugere? Dizem que uma mentira dita mil vezes torna-se uma verdade. Será que a propaganda muda a nossa noção de qualidade? Não. Nosso cérebro vive em busca de nos dar prazer e a vaidade, intrínseca ao ser humano, quando satisfeita, é uma grande fonte de prazer.
São três os “sentimentos” mais fortes do ser humano. Um deles, a inteligência, é o grande mediador e explorador dos outros dois: o sexo e a vaidade. Assim, o sexo, ou melhor, a sexualidade, é bastante utilizada nas diversas mídias como forma de chamar a atenção das pessoas. Como esse expediente nem sempre é compatível com o produto, o apelo mais comum e usual torna-se a vaidade.
A vaidade é uma porta aberta a toda exploração de terceiros. Costumo dizer que devemos ter a vaidade de saber utilizar a dos outros em proveito próprio. Ou seja, jamais devemos nos empolgar com elogios a nossa pessoa ou aos nossos desejos, pois outros poderão se aproveitar disso. Quem sabe utilizar a vaidade das pessoas como forma de abrir portas aos seus intentos é bem consciente desse “sentimento” animal.
Os meios de comunicação gozam, em sua grande maioria, de credibilidade junto ao seu público. Só isso seria o bastante para manipular os quereres de seus leitores e seguidores. Essa credibilidade é consequência da confiança nos seus editores e produtores que sempre criam programas que chegam junto aos seus admiradores, atendendo aos seus anseios.
Dessa forma, o mercado torna-se o porta-voz do povo e nos diz o que podemos ter, sentir, vestir, beber, comer ou ser. A vaidade conduz, assim, a sociedade a adotar os costumes e as vogas de cada momento. As marcas e grifes produzidas pela mídia tornam os produtos de preços altos com um único valor agregado: a moda. E como a voz do povo é a voz de Deus, o custo/benefício é satisfeito para os usuários.
Infelizmente, as pessoas pouco se tocam acerca de seu papel social. Mesmo os mais esclarecidos cedem diante da manipulação que os poderosos e detentores de capital impingem à sociedade. Dessa maneira, as etiquetas são altamente valorizadas e isso torna o consumo bastante próximo à insensatez. Quantos lutam pela prestação de serviços exemplares ou fabricam utilidades de forma bastante especial e não conseguem se afirmar no mercado?
É a concorrência desleal que torna proibitivo o uso da mídia com sucesso. Os valores agregados, que tornam mais eficientes os produtos, são, muitas vezes, pouco percebidos pelos consumidores, porque similares são divulgados de forma ostensiva, neutralizando o diferencial dos bons artigos. O resultado é a falência dos empresários de bons produtos que terminam por vender suas ideias aos maus concorrentes.
Podemos concluir que os nossos sentimentos e a nossa apreciação dos valores verdadeiros estão sendo, a cada dia, manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder. É preciso que se valorizem os produtos e serviços levando em conta os valores reais e não aqueles impostos por métodos que só querem vender, e não transferir valor a quem está confiando em seus produtos.
“As grifes vestem bem”, “tal escola é mais conhecida”, “essa marca é a que mais vende” são frases fabricadas pela mídia que vem apenas para impor o querer de grupos, muitas vezes estrangeiros, que simplesmente querem explorar um povo que acredita na honestidade de seus compatriotas.