terça-feira, 19 de março de 2013
MORRER É TÃO NATURAL QUANTO NASCER?
O milagre do nascer inclui, na quase totalidade desses
eventos, a preparação de uma série de pessoas para receber aquele que
garantirá, mais uma vez, a manutenção da espécie. Os avós e o esposo se
esforçam durante, pelo menos, nove meses em busca de uma melhor hora possível
para o nascimento daquele bebê que significará alegria e prosperidade para o
planeta. Todos torcem por uma nova vida! Não faltam colaboradores anônimos ou
voluntários para levar uma parturiente ao hospital, nos casos de grávidas
carentes, quando o momento chega em hora que os transportes não mais acontecem!
Mais forte ainda é o significado da gravidez para a mãe e
para o pai. Para a mãe, uma realização como mulher, o resultado da estabilidade
da relação, a formação do núcleo familiar. Para o pai, a vaidade de assegurar
sua descendência, sua virilidade, seu amor! Nascer é surgir da dependência de
dois que tudo fazem em prol de seus quereres, anseios e objetivos!
Tudo o que passa, no decorrer dos tempos, é resultado da
evolução do homem e de suas tecnologias, a cada dia, o nascer se torna menos
natural fisicamente, graças ao evento da cesariana que, cheia de controvérsias,
vive a diminuir a estatística de partos ditos normais. Os seres vivos terão de cumprir
sua trajetória: nascer, procriar, morrer! Esse destino para os seres
inteligentes tem um significado amargo em seu final: morrer. Após tanto
investimento durante todo o decorrer da existência, educar-se, estudar,
trabalhar, produzir e depois, quando tudo começa a dar conforto ao viver, vem a
morte!
Mais natural que nascer é morrer. A única certeza dos
vivos é a morte que supera o nascer por ser algo infalível! Luta-se para
nascer, é a lei maior do Universo, e, muitas vezes, o grupamento de células que
se multiplicam de forma quase mágica fenece devorado por outros seres vivos que
coabitam com toda existência viva!
A luta do depois é, mais uma vez, para continuar a
desenvolver suas células que se transformam para, a cada momento, anunciar o
grande final das obrigações. Então começa a grande ida para a morte! As
doenças, o cansaço, tudo conspira contra a vida. As necessidades, agora, não
serão fáceis de serem atendidas. Todos se afastam, cada um tem que cuidar dos
vivos! A aproximação só vai acontecer para ver o que restou do falecido, é tão
natural, mas jamais as pessoas se acostumam com a morte. A verdade é que
“nascer” depende de dois! Mas morrer é um ato natural e solitário que não tem a
ajuda de ninguém!
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Uma visão objetiva, realista e espiritualizada(na minha ótica) da certeza de todas as certezas - a morte!
ResponderExcluirSegue poema que acredito cair perfeito para o tema.
"O ETERNO ENIGMA
Se VIDA é ter a gente a alma retida no cárcere do corpo, de tal sorte que a ele fique assim, sempre rendida,
então a VIDA não é VIDA, é MORTE.
Se morrer é o eximir-se a alma do forte grilhão da carne, alardando-se em seguida para o alto céu num rápido transporte,
então a MORTE não é MORTE, é VIDA.
Se VIDA é da alma a escravidão que humilha, treva que envolve a estrada que palmilha,
se MORTE é a mutação de sua sorte, e a volta sua, livre, à luz perdida...
- por que esse apego que se tem à VIDA?
- por que esse medo que se tem da MORTE?"
(Índio do Prado, em Mundo Espírita, 1954)
In: http://www.reginaldo.cnt.br/frases/vida.htm
Ruy de Barros