quarta-feira, 7 de maio de 2014
QUANDO A VELHICE CHEGA
Quantas vezes nos deparamos com
pessoas que conhecemos no passado e ficamos a meditar se hoje
seríamos capazes de nos apaixonar novamente por elas.
O corpo já traduzindo
os
anos vividos e os olhos com pouco brilho, dando sinal dos tempos, não parecem
tão convidativos como antes. O nosso costume de se ver sempre no espelho e a
mente que não envelhece nos faz rir pensando com quem estaríamos hoje se o
casamento tivesse acontecido.
Do outro lado, os mesmos pensamentos
vêm
pelos motivos do cuidar-se a cada amanhecer com as habituais frequências ao
espelho, a academias e ao salão de beleza. E aquele olhar que fita minhas
orelhas cabeludas e minha barriga, que parece emprestada pelos anos que já se
foram, fala sem querer: teria casado com um gato e acordado com um elefante,
olhando minhas orelhas que cresceram bastante.
Esquecemos, nesses momentos, que o
essencial ou grande motivo de nossa paixão foi o encontro de nossas mentes, que
se desenvolvem até hoje e comandam os
nossos corpos que se fazem ponte entre nós e os outros seres. Esquecemos que,
naquele corpo, ainda habita aquela mesma pessoa de anos passados, que rir,
chora e possui os mesmos sentimentos de outrora! Realmente existe ali, repousando
naquele corpo cheio de dores e marcas que o tempo deixou, uma cabeça cheia de “cérebro”
pensante que ainda revive os bons tempos de quimeras envolvendo a realidade que
indicava o acontecer de hoje!
Gostamos da juventude, por tudo que
vivemos em nossa própria companhia nos acostumamos com nosso velho corpo sob
uma mente que não conseguimos ver seu desgaste. Assim, o lapso de tempo para o
reencontro fez quedar todas as “visões” de hoje comparadas àquelas do passado.
Quando alongamos esse nosso encontro, aos poucos, as formas de expressão, os
gestos e todo o continuar do debulhar dos tempos distantes vão recompondo aquela
pessoa que, a princípio, tão diferente concebemos.
As diferenças notadas, aos poucos,
vão perdendo o contraste e as marcas do tempo vão abrandando a cada minuto que
passa, como se uma esponja passasse a desmanchar as nítidas rugas vividas. E
encontramos novamente o passado belo, vencendo o tempo e ressurgindo daquele
corpo torpe.
Agora com mais vivência, traduzida pela menor voluntariedade que esbarra
na censura que coabita com todos os pensamentos livres e, consequentemente,
limita sua exteriorização. Nesse momento, só resta a introspecção para o
encontro com seu eu em busca do
perdão pela ideia primeira da visão espelhada por si mesma. O corpo serviu
apenas como condutor ao encontro que nunca sobreviveu!
Os velhos são censurados pela inexperiência
dos jovens que, com todo vigor e pouca bagagem de vida, temem a concorrência
daqueles que por aquela fase já passaram e externam o conhecimento que convive
com os sábios.
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