Desde o pular da cama, tem início o dia que não será vivido. É o olhar para o relógio e o correr para se arrumar que define hoje o despertar, que antes se dava espreguiçando a lembrança do sonho vivido na noite anterior. Hoje não se sonha! Mentira. A avalanche de compromissos definidos para aquele novo dia, igual a todos os outros, é que toma todo o espaço da mente não permitindo as lembranças recentes, os sonhos!
Tem início a maratona com um rápido café, sem degustação, e a carreira para enfrentar o trânsito lento que levará aos primeiros compromissos. Um “fast food” separa o primeiro expediente do segundo que, na mesma intolerância, alcança a pizza que fecha a última refeição para a espera pelo próximo amanhecer!
Essa busca pelo amanhã discorre, sem a mínima atenção, ao viver cada momento de nossas vidas. A importação de costumes de outras civilizações começa a criar um hábito internacional de pouco criar e muito imitar. Economizar a passagem comendo “na rua” torna-se mais caro do que o tradicional almoçar em casa. E todos os bons momentos de viver evaporam junto à quentinha requentada, quando for o caso de mais economia.
Hoje o marketing exige “a necessidade de comprar”, que não para, mesmo que a utilização da compra não aconteça logo. A pressa de acontecer a todo custo invade o corpo humano com tensões, doenças, despreparos e tudo mais que são inimigos da perfeição, do viver bem. A consequência de tudo isso é a subutilização de nossos próprios sentidos, tão pouco ativados que ainda estarão jovens quando fenecerem.
Os sonhos não vividos conduzem a um futuro a sonhar sem passado. As relações mal vividas correm ao encontro do próximo momento que não chega. O prazer da comida aguarda sempre a viagem não vivida, e assim a busca por um futuro cheio de encantos vai acontecendo a cada presente que surge, não se percebendo que muitos deles já passaram e não os vimos como tal!
Ninguém quer uma vida irresponsável, no entanto a busca por um viver a cada momento não coíbe a realização de suas tarefas. “A pressa é inimiga da perfeição”, as tarefas e feitos executados com parcimônia diminuirão a incidência de erros de criação e execução, as ideias que saem de uma mente rica de prazer são muito mais completas. Dessa forma, a sua produtividade aumentará verdadeiramente. Saia do engodo de fazer muito o que não cresce. A pressa é sinônimo da louca quantidade que não faz crescer!
A qualidade de vida deve sempre ser exaltada, os bons momentos são efêmeros e não se pode deixar de vivê-los. Temos que nos antecipar ao amanhã. Repetimos John Lennon: “A vida é aquilo que acontece enquanto planejamos o futuro”.