AS MAIS LIDAS DA SEMANA

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domingo, 18 de outubro de 2015

Percepção Transcendental do Ambiente

As técnicas do projeto das grandes praças e jardins incluem a surpresa da paisagem como ponto fundamental ao convite de observadores sedentos da intimidade com a natureza e das histórias deixadas em muros e pedras pelos nossos ancestrais. Desta forma, ladear a diversidade encontrada nesses lóci com fechamentos verdejantes e acessos restritos é a solução. Os locais convidativos para essa festa dos nossos sete sentidos incluem monumentos e santuários esquecidos, já desgastados pelo tempo, mas que representam  toda a história verdadeira de civilizações que já se foram. Como podemos fazer o inimaginável tornar-se presente em nossos sentidos?    
   Quando adentramos numa área verdejante, após provarmos do concreto selvagem dos centros urbanos, acontece o vislumbre de que existe vida a desenvolver-se nesse novo caminho. Sem horizonte descortinado, as alamedas nos espreitam com seus odores e cores como um convite ao nosso caminhar por veredas que nos conduzem a outros espaços distintos dos anteriormente vistos, com outras paisagens e novos cheiros.
   Esculturas e ruínas definem um passado longínquo que ainda persiste em nos deleitar com nascentes que cobrem de lodo as pedras desgastadas pelo caminhar de intrusos que se recuperam da embriaguez do pó da cidade nua. Envolto de cortinas verdejantes, cada segmento do jardim aguça a nossa curiosidade e consequente desejo de ir adiante. O não desnudar da vista por inteiro, guardando os segredos do "Éden", é o formato que nos torna cúmplices da percepção ambiental.
   Quando os extratos deixam de nos convidar a seguir adiante pelos caminhos alados por pitangueiras, com suas flores brancas e frutos carmim, vem o canto de canários dourados nos engolindo, para devolver-nos à relva ondulada com arbustos, cujos frutos são pássaros e adiante coiotes a desfrutarem do riacho de margens verdejantes e cascatas brilhantes.

   A paisagem encantando nossos olhos (visão), o cantar dos pássaros a embevecer nossas orelhas (audição) e os jasmins e rosas silvestres destacando o cheiro (olfato) dos sabores (paladar) ora desejados, nos encantam com suas folhagens com textura (tato) de veludo, como se estivessem preparando-se para a grande festa dos nossos sentidos. A brisa resfriando (térmico) a nossa pele, quando já próximo do lago, os cisnes nadando tranquilos e os flamingos a caçar organismos nas margens das águas límpidas completam os nossos seis sentidos. O equilíbrio que garante nossa vibração com cambalhotas e rodopios, com plena consciência do acontecido, fecha nossa sensibilidade, definindo o nosso sétimo sentido e nos levando à interação corpo-meio.

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