AS MAIS LIDAS DA SEMANA

AS MAIS LIDAS DA SEMANA
AS MAIS LIDAS DA SEMANA

terça-feira, 24 de novembro de 2009

REFORMA UNIVERSITÁRIA: UMA NECESSIDADE DEMOCRÁTICA


A tão decantada reforma universitária, que ainda não saiu do papel, deveria começar pela reformulação dos métodos de avaliação das escolas superiores. Métodos muito criticados pelas escolas de administração privada devido à incoerência dos seus argumentos. Uma reforma democrática é necessária, mas não uma conspiratória que atribui pesos maiores a características vulneráveis, que nem sempre significam eficácia na transmissão do conhecimento e, consequentemente, no bom aprendizado.
As características cobradas são sempre aquelas que acumulam pontos para as universidades estatais e que não pertencem ao lugar comum das escolas menores, sobretudo as situadas em cidades menos desenvolvidas. É preciso colocar um basta nesse formato atual que afasta os alunos estudiosos da escola privada e os leva a tomar o lugar de um aluno carente na escola “pública”.
O fato mais emergente para as críticas é a avaliação pouco democrática e a distância. Pouco democrática porque não contempla a diversidade de cada uma das escolas em relação à região onde está inserida, não levando em conta a cultura, o poder econômico e as políticas públicas. E a distância, porque se utiliza de meios indiretos, os alunos, para uma tarefa que não é da competência destes.
Aqui vale a pena lembrar que quando o Governo iniciou as assembléias para democratização do papiro da reforma universitária, abruptamente, interrompeu a continuidade delas, porque a ingerência das diversas classes (pouco afeitas ao academicismo) provocou “ruído” nas conversações, incomodando as perspectivas do Governo. Agora, coloca a pimenta para os outros: alunos julgando as suas escolas. A última assembléia, salvo engano, foi no Recife (PE) por volta de 2004.
Lembremos que, atualmente, fazem sucesso, em cidades do Sudeste, muitos nordestinos filhos das escolas dos anos 70. Tempo em que as avaliações aconteciam ao vivo e a expansão do ensino superior era comedida e bastante técnica, não dependia de “lobby” ou estratégias semelhantes. Ensinar é desenvolver no estudante o poder de construir, o que hoje é pouco sentido, pois esbarra em exames esdrúxulos que nada avaliam.
Existe a ideia, em muitos segmentos capazes (constituídos por estudiosos vinculados à educação nacional e internacional), das avaliações das escolas serem feitas por agências independentes, como acontece em muitos países. Dessa forma, não existiria a passionalidade do Governo em relação ao julgamento das escolas “públicas” – todas são – e privadas. Como consequência, haveria uma avaliação mais justa e independente.
Minha opinião, no entanto, não seria essa. Infelizmente, o poder econômico iria interferir nesses julgamentos, sendo assim, trocar-se-ia, simplesmente, seis por meia dúzia. É preciso ter a consciência de que, em um país estigmatizado pelo infeliz axioma “o importante é levar vantagem em tudo”, não se deve absorver soluções de outros países, sem pensar nas peculiaridades do nosso.
Baseado nos idos dos anos 70, quando a escola era acompanhada e orientada pelo MEC, por meio de suas delegacias regionais, gerando ótimos resultados, sou da opinião que a avaliação das escolas seja feita pelo próprio mercado como era naquela época. Foi ele que sempre definiu o bom e o ruim dentre os bens que pertencem ao público. Esse é o verdadeiro julgamento. Somente dessa forma, os alunos e ex-alunos serão capazes de avaliar as instituições de ensino, pois estarão simplesmente ratificando o pensamento da comunidade em que vivem e não respondendo a questões capciosas (nos Enades) daqueles que não pertencem à mesma sociedade.
Os resultados das análises dos exames de competências (concursos públicos), tão utilizadas nos dias de hoje, inclusive pelo próprio Governo, são os verdadeiros avaliadores. Os estágios feitos por alunos de uma dada escola, em um serviço qualquer, já começam a criar, no mercado, o saber por onde andam o conhecimento e o preparo intelectual dos alunos de uma determinada faculdade.
Sou totalmente contrário à prova igual àquelas dos concursos públicos que não permeiam as características regionais, mas se utilizam de questões universais, propostas por avaliadores que vivem em uma região socioeconomicamente diferente. O Brasil é um país continente e não deve ser nivelado pelos burocratas, pois estes não buscam a criatividade e se perdem nas demandas conhecidas de outros países, cuja história não comunga com a nossa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário