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domingo, 26 de fevereiro de 2012

O QUERER VIVER

Poucos observam os comportamentos dos seres vivos e comparam com o nosso. Talvez ditos sociais e crenças sejam responsáveis por essa dicotomia que se faz entre os seres vivos de um modo geral e os humanos.

Vamos analisar um evento muito simples. A acácia, (Acácia – Combretum – Grévia - gênero Acacia spp.) uma das árvores mais frequentes nas savanas africanas, serve como alimento para as girafas. Suas folhas e especialmente suas flores são consumidas com avidez. Esse fato levaria a árvore à decadência, com sua morte, ou solução de continuidade de sua espécie, por falta de frutos.

Como então sobrevivem as acácias? São pelo menos três as providências tomadas pelo vegetal. Primeira, na floração faz crescer seus espinhos como tentativa de evitar a depredação pela girafa. Essa, no entanto, com língua comprida e pele grossa, consegue comer, e não devorar, a floração. Outro formato de preservação é dopar sua folhagem com excesso de tanino, tornando desagradável o sabor e tóxico o consumo, no entanto, o animal cria uma baba com antídoto para essa toxina não sacrificando tanto seu estômago. E por fim, a acácia cria, em seus troncos, grutas para abrigar formigas venenosas que atacam as narinas das girafas durante a investida das mesmas no intuito de alimentar-se do vegetal. Antídotos, por sua vez, são produzidos pelo herbívoro evitando uma intoxicação fatal.

A que conclusão chegamos desta história aqui posta? Muito simples. Aprendemos que dois seres vivos “inferiores”, um animal e um vegetal, conseguem, com o domínio do que lhes dispõe o seu corpo, defender-se de predadores. Por que, então, os humanos não podem agir assim, livrando-se de seus predadores microscópicos como bactérias, vírus, e até vermes?

Duas colocações podem ser feitas. Inicialmente nossa capacidade de gerenciar esse combate tem sido prejudicada pela nossa alimentação ou por outros costumes que não têm produzido as enzimas de defesa obrigatórias às transformações de nossos agentes de imunidade, ou pela inteligência, que supera nosso conhecimento inato, e tem coibido esse poder que exacerba nos seres “inferiores”.

Talvez a introspecção regular leve, algum dia, o homem a um domínio maior sobre seu corpo, fazendo-o produzir os elementos necessários à superação das diversas doenças que afligem a humanidade.

Um comentário:

  1. Interessante esse texto, desmitifica-se também a expressão "memória de elefante" associada à memória racional humana, que nada mais se refere do que o desenvolvimento de uma capacidade inata deste animal frente às exigências de sobrevivência em seu meio.
    Por que dois elefantes conseguem assimilar este tipo de inteligência inata igualmente independente de estarem em ambientes diferentes, mas dois homens, animais da mesma espécie, ainda que em ambientes socialmente iguais não assimilam igualmente sua capacidade de raciocínio inata e muito menos a racional? Será que o homem é mesmo um animal socialmente sadio?
    Será, Dr., que é porque a nossa inteligência racional atrapalha? Dizem que os elefantes se adaptam, ampliando sua capacidade de memória em função do ambiente em que eles ocupam. Mas o homem não, o homem em sociedade tem fabricado um tipo de inteligência perniciosa, inversamente proporcional ao ambiente em que ocupa e pode também ser esse um dos fatores que desajustam emocionalmente e acarretam as muitas doenças não só orgânicas mas igualmente as misérias sociais às quais o homem não se adapta rumo à evolução natural da vida. Como um homem, dito animal social dentre todos, pode ampliar sua capacidade de inteligência inata ocupando ambientes socialmente doentes? O que diremos da inteligência racional!? Ou ele usa astúcia associada à malandragem, ou age estrategicamente, não usando nem de malandragem nem violência frente às exigências do meio, mas sempre introspectivamente questionando o impossível e o inexorável e defendendo a permanência, precisamente quando tudo já parece perdido, revelando que o equilíbrio demanda por vezes a prevalência do tolo sobre o sábio, e do silêncio sobre a resposta.
    È mesmo DR. Barretto, o elefante com sua memória vive bastante e bem conhece até o dia de sua morte, retirando-se majestosamente.
    Sagaz, deveras sagaz.... seus ensinamentos.
    Isso é que é querer viver!

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