domingo, 5 de outubro de 2014
A VAIDADE VERSUS A POSTURA
Voltando
aos meus trinta anos, ensinando na UFPE a cadeira de Física, recordo de uma
manhã quando, no início da minha preleção, entrou na sala de aula um rapaz, de
camisa aberta ao peito, pés com “havaianas” (não tão famosas como hoje),
vestindo um calção curto com aberturas laterais, que, de forma natural, pegou
três cronômetros que estavam sobre o armário de materiais didáticos. Sem
compreender a atitude daquele jovem perguntei de forma discreta: – para onde
vai com os cronômetros? E o intruso respondeu: “vou dar aula na sala ao lado”!
Está bem, respondi.
Esse
fato me causou espécie pelos trajes que vestia o professor. Apesar de sabermos
que “o hábito não faz o monge”, digo: mas ajuda. A forma de se apresentar em
cada evento deve sempre demonstrar para os participantes que você se valoriza e
ainda que tem atenção para com os convivas, mostrando-se bem cuidado. Não
esqueça que ninguém ama a decadência! Isso não é vaidade, mas postura. O
respeito cidadão.
Certa
vez um engenheiro que era síndico do edifício no qual morava chama a atenção de
um funcionário que o chamou de Sr. Paulo dizendo que ele devia chamá-lo de Dr. Paulo. No próximo encontro o
esquecimento do título custou a demissão do colaborador. Conheço professores que não admitem seus alunos,
nos dias de hoje, usarem trajes populares com chinelos ou equivalentes nos
horários de aula. Ainda, professores exigindo seu título como prenome,
expurgando a grande rubrica de professor.
“Eu sou um mestre (ou livre
docente, cientista, doutor, etc.), não
sou apenas professor”! Esses “Dr. Paulo”, “professores” e “mestre” são bastante vaidosos. Título: PROFESSOR, é
o bastante e tudo, não pode jamais ser superado!
Como
resultado desses comentários, aprendemos que a postura é uma forma de se
diferenciar do comum e popular. Não é exigindo comportamento das pessoas de
forma inadequada a elas que conseguiremos nos impor dentro dos nossos poderes e
saberes. Aí está o velho adágio “o hábito não faz o monge”, muitas vezes as
condições culturais ou financeiras não permitem ao “faltoso” a postura ideal
para ocorrer de forma esperada. Portanto, zero para a vaidade!
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