sexta-feira, 3 de março de 2017
O PERSONAGEM
Quantas vezes achamos que o ator em uma novela ou filme
tem realmente as características de seu personagem naquele evento fotográfico?
O tipo físico, o maneirismo e todas as características de um dado artista são
levados em conta, na escolha do diretor, para representar um dado personagem
criado pelo autor da novela ou filme. Jamais um tipo esbelto e delicado poderia
com facilidade representar um personagem de atitudes ásperas e pouco sociais. O
público comprou a ideia de que o grosseirão terá de ser alto e bastante forte
para se encaixar melhor nesse papel que irá representar. O tipo físico irá
ajudar no desempenho do ator, se o tema não for usar o contraste da
subjetividade no evento interpretado. Um cara grosseirão que conquista pela
lealdade e sentimento, em relação ao seu colega de contracena, mostra a
independência entre o sentimento e o corpo ou físico sem elegância. E isso é
sempre colocado com a distinção bem feita entre o ator e seu personagem. Às
vezes, se cria até uma certa antipatia pelo artista devido a seu papel, mas,
logo após o evento representado, volta o bom sentimento em relação ao artista.
Acontece, no entanto, que, se o homem público é um poeta, um escritor ou um
compositor, os leitores ou audiófilos não pensam da mesma forma. Todos acham
que o poeta escreveu aquela poesia porque viveu aqueles momentos versados no
poema; as pessoas não imaginam que seu dom na poesia o faz buscar temas para
seus versos muitas vezes garimpando as histórias de outros. Nas prosas, também
pode acontecer o mesmo, inclusive os narradores de histórias acontecidas no
mundo todo são sujeitos de pesquisas em escritos de historiadores que mais
perto vivenciaram os ocorridos. As bonitas construções nas narrativas dos
relatadores tornam os escritos admirados, os quais não incluem suas histórias
de vida.
Na música, essa independência ainda é maior. Quantas
vezes um compositor não faz músicas solicitadas por intérpretes que, inclusive
o tema, não tem nada a ver com o criador? Fatos da natureza sempre impelem os
autores de versos e prosas a comparações românticas, as quais desfrutam de
lugar certo o amor e a subjetividade afetiva, que cresce em devaneios, conforme
a vivência do autor que é tido como um boêmio e sonhador que não se dá conta de
seus compromissos com o mesquinho medido e contado da vida social hipócrita e
maldosa que existe. Em qualquer trabalho, nós somos personagens e jamais
devemos ser confundidos com o ser que habita o nosso coração e é desnudado nos
momentos de glória e prazer no santuário de nossa intimidade! A nossa frase:
quando se ama, se sofre ou se sente saudade se é capaz de escrever alguma
coisa, porém não significa que se está vivendo aquilo no escrito, mas sim que
se está com o sentimento à flor da pele!
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