Um exame de conhecimento é feito com um grupo de alunos constituído por estudantes ingressantes na escola e aqueles que estão finalizando o seu curso. A diversidade entre os estudantes, das várias escolas, está nas oportunidades que eles tiveram antes de ingressarem na IES e têm durante a realização do curso.
Um aluno carente certamente foi mal alimentado e sacrificado no seu habitat, estudou em colégio que lhe exigiu pouco investimento, não teve oportunidade de frequentar cursinhos e exerce atividade profissional, normalmente durante o dia, para sustentar sua família.
Um aluno não carente, por sua vez, alimentou-se muito bem, estudou em colégio que ofereceu e exigiu qualidade no ensino e na aprendizagem, frequentou cursinhos de matérias isoladas, possui condução própria, estuda sem a preocupação com outra atividade – como trabalhar –, é jovem com a mente bastante ativa e possui seus pais, ou responsáveis, como suporte e senhor.
A UFPE, por exemplo, ministra quase que a totalidade de seus cursos em horário diurno e, na maioria das vezes, em dois turnos – aulas teóricas e práticas –, sem regularidade. Está situada distante do centro, o que demanda maior tempo no ir e vir, inclusive com necessidade de meio de transporte próprio. E também adota projetos pedagógicos que não contemplam diretamente o mercado de trabalho, mas sim o bacharelado e a pesquisa.
As IES de administração privadas estabelecem a maioria de seus cursos com opção noturna em único e regular horário, e estão próximas ao centro com transporte público de fácil acesso. São pragmáticas quando contemplam o conhecimento, visam de forma objetiva ao mercado de trabalho e possuem programas de inclusão educacional com bolsas de estudo, inclusive.
Qual será, então, a escolha de um aluno carente levando em conta a relação custo/benefício? Não há dúvida! A escola de administração privada. Assim a UFPE contempla muito mais a exclusão universitária do que a inclusão, pois não dá oportunidade a todos.
As IES privadas estão repletas de alunos que trabalham, são carentes e estudam no horário que podem, ou seja, geralmente, no período noturno após um dia de trabalho! As federais estão repletas de alunos com condução própria e vida confortável!
Dessa forma é natural que no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) sejam os alunos da UFPE contemplados com melhor resultado! As escolas privadas estão “pagando o pato” por fazerem melhor o seu papel, ou seja, dando oportunidade real ao ingresso de pessoas carentes em seu quadro de alunos.
O maior absurdo é julgar a instituição educacional por meio do resultado de um exame do qual ela não participa diretamente, pois ele é realizado com um maior número de alunos que mal entraram na escola e uma minoria que termina o curso, graças à evasão escolar. Dessa forma o nível médio intelectual desses alunos é menor, pois os que terminam o curso e que tiram melhores notas são em pequeno número comparado com a quantidade daqueles que entram com conhecimento bastante inferior. Por outro lado, a UFPE recebe, em sua maioria, alunos com vasto conhecimento adquirido através dos cursinhos, muitas vezes por anos a fio; e os graduandos constituem-se em grande número, pois a evasão é bem menor do que aquela da escola privada, e acontece, na maioria das vezes, devido à falta de poder aquisitivo.
Quem tem maior mérito? A escola que consegue elevar a pontuação do aluno que chegou com nível -5 para uma pontuação com valor +12 ou aquela que recebe um aluno com nível +5 e eleva seu nível para 15? É claro que é aquela que fez o aluno crescer de -5 para +12=17, e não a que elevou apenas de 5 para 15, ou seja, apenas 10 pontos. É preciso ver isso e não sofismar: 15 é maior que 12, mas 17 é bem maior que 10!
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