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domingo, 13 de setembro de 2009

A EXCLUSÃO UNIVERSITÁRIA

Mais uma vez os resultados das avaliações feitas pelo MEC carecem de explicações. Vejamos como funcionam as regras para as pontuações dadas às IES (Instituições de Ensino Superior) pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
Um exame de conhecimento é feito com um grupo de alunos constituído por estudantes ingressantes na escola e aqueles que estão finalizando o seu curso. A diversidade entre os estudantes, das várias escolas, está nas oportunidades que eles tiveram antes de ingressarem na IES e têm durante a realização do curso.
Um aluno carente certamente foi mal alimentado e sacrificado no seu habitat, estudou em colégio que lhe exigiu pouco investimento, não teve oportunidade de frequentar cursinhos e exerce atividade profissional, normalmente durante o dia, para sustentar sua família.
Um aluno não carente, por sua vez, alimentou-se muito bem, estudou em colégio que ofereceu e exigiu qualidade no ensino e na aprendizagem, frequentou cursinhos de matérias isoladas, possui condução própria, estuda sem a preocupação com outra atividade – como trabalhar –, é jovem com a mente bastante ativa e possui seus pais, ou responsáveis, como suporte e senhor.
A UFPE, por exemplo, ministra quase que a totalidade de seus cursos em horário diurno e, na maioria das vezes, em dois turnos – aulas teóricas e práticas –, sem regularidade. Está situada distante do centro, o que demanda maior tempo no ir e vir, inclusive com necessidade de meio de transporte próprio. E também adota projetos pedagógicos que não contemplam diretamente o mercado de trabalho, mas sim o bacharelado e a pesquisa.
As IES de administração privadas estabelecem a maioria de seus cursos com opção noturna em único e regular horário, e estão próximas ao centro com transporte público de fácil acesso. São pragmáticas quando contemplam o conhecimento, visam de forma objetiva ao mercado de trabalho e possuem programas de inclusão educacional com bolsas de estudo, inclusive.
Qual será, então, a escolha de um aluno carente levando em conta a relação custo/benefício? Não há dúvida! A escola de administração privada. Assim a UFPE contempla muito mais a exclusão universitária do que a inclusão, pois não dá oportunidade a todos.
As IES privadas estão repletas de alunos que trabalham, são carentes e estudam no horário que podem, ou seja, geralmente, no período noturno após um dia de trabalho! As federais estão repletas de alunos com condução própria e vida confortável!
Dessa forma é natural que no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) sejam os alunos da UFPE contemplados com melhor resultado! As escolas privadas estão “pagando o pato” por fazerem melhor o seu papel, ou seja, dando oportunidade real ao ingresso de pessoas carentes em seu quadro de alunos.
O maior absurdo é julgar a instituição educacional por meio do resultado de um exame do qual ela não participa diretamente, pois ele é realizado com um maior número de alunos que mal entraram na escola e uma minoria que termina o curso, graças à evasão escolar. Dessa forma o nível médio intelectual desses alunos é menor, pois os que terminam o curso e que tiram melhores notas são em pequeno número comparado com a quantidade daqueles que entram com conhecimento bastante inferior. Por outro lado, a UFPE recebe, em sua maioria, alunos com vasto conhecimento adquirido através dos cursinhos, muitas vezes por anos a fio; e os graduandos constituem-se em grande número, pois a evasão é bem menor do que aquela da escola privada, e acontece, na maioria das vezes, devido à falta de poder aquisitivo.
Quem tem maior mérito? A escola que consegue elevar a pontuação do aluno que chegou com nível -5 para uma pontuação com valor +12 ou aquela que recebe um aluno com nível +5 e eleva seu nível para 15? É claro que é aquela que fez o aluno crescer de -5 para +12=17, e não a que elevou apenas de 5 para 15, ou seja, apenas 10 pontos. É preciso ver isso e não sofismar: 15 é maior que 12, mas 17 é bem maior que 10!

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